Campanha Missionaria 2014

Campanha Missionária é notícia nas TVs católicas
Os subsídios da Campanha Missionária 2014, cujo tema é “Missão para libertar” e retoma a problemática do Tráfico Humano foram apresentados à imprensa, nesta segunda-feira, 22, em Brasília (DF). Confira reportagem produzida e exibida pela TV Canção Nova. http://www.youtube.com/watch?v=N_NUmSbfxp8
Promovida anualmente, pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) no mês de outubro, a Campanha tem o objetivo de chamar a atenção dos cristãos sobre o seu compromisso com a missão da Igreja na defesa da vida em todo o mundo.

Foto de Pontifícias Obras Missionárias.

Atenção à Palavra de Deus está a serviço da nossa relação com ele.

Da Palavra de Deus vem a sabedoria dos simples.

No horizonte das relações humanas, dar atenção à palavra significa valorizar a pessoa que fala. Mais importante que a palavra e o conteúdo é sempre a pessoa que fala. Assim também em relação à Palavra de Deus: a atenção à Palavra de Deus está a serviço da nossa relação com ele. Quando separamos a Palavra e Deus corremos o risco de reduzir a primeira a um discurso vazio, frio e estéril. E então a Palavra, que é viva e libertadora, pode se tornar doutrina pesada e letra que mata. Como nos recorda o salmista, a Palavra torna sábias as pessoas simples (cf. Sl 119/118,130).

O Concílio Vaticano II ensina que Deus fala depois de ouvir, que ele se revela dialogando, como amigo que se entretém conosco e nos convida a participar de sua intimidade. A palavra dialogal é sempre uma proposta que espera resposta. É um convite que espera ressonância. Mesmo quando se apresenta como ordem, a Palavra conta com a livre decisão do interlocutor. Uma palavra imperativa, que vem de cima e sabe somente dar ordens, que não se interessa com a resposta, que desconhece os tempos indicativo e subjuntivo, tem jeito de imposição, infantiliza e não constrói pessoas livres.

Jesus Cristo, a Palavra de Deus feita carne e história, é convite e apelo que traz a força dAquele que a pronuncia. Este convite tem autoridade e mobiliza porque vem de Alguém que se faz um de nós, se torna igual a nós em tudo, assume e pronuncia a palavra do simples ser humano, com seus sonhos e necessidades. “Vai trabalhar hoje na minha vinha…” Jesus é palavra que convoca à ação, a assumir a responsabilidade pela nossa própria emancipação, a assumir nossa responsabilidade no mundo e na história. E ele espera uma resposta que não seja apenas aparente e formal.

A crítica de Jesus aos fariseus, sacerdotes e doutores da lei é paradigmática, e nos coloca de sobreaviso. Aqueles que se sentem orgulhosamente os primeiros ouvintes e exemplares praticantes da Palavra de Deus na verdade são como filhos que dizem sim à ordem do pai mas se recusam a fazer o que ele pede. Creio que nós não estamos livres dessa tentação. Corremos o risco de ficar na superfície, na aparência. Não faltam homens e mulheres de igreja que estudam cientificamente a Palavra de Deus, conhecem o contexto e o texto, mas não conseguem passar do cérebro ao coração e às mãos…

E há outros que dizem não à Palavra de Deus, mas só aparentemente: alguns não frequentam muito assiduamente as celebrações; outros se opõem abertamente à Igreja e às religiões; muitos amargam experiências de pobreza, marginalização e exclusão… Mas tantos deles se empenham de corpo e alma na tarefa de humanizar o que lhes sobra de vida e de evitar que o mundo se corrompa ainda mais. Começam pelo círculo de pessoas que se congregam na família e militam em associações, movimentos, sindicatos e organizações solidárias. O não inicial e público deles se revela um sim prático e anônimo.

Mas há outras tantas pessoas que sequer conseguem crer em si mesmas. Não se consideram merecedoras de nada e parecem ser uma negação absoluta de tudo o que possa ser bom e desejável. São como as prostitutas e os publicanos do tempo de Jesus. A elas é o próprio Deus que diz um sim claro e retumbante: sim à sua dignidade, sim à sua inclusão, sim ao seu desejo de uma vida mínima. Jesus Cristo é o sim de Deus às aspirações profundas da humanidade, especialmente das diversas categorias de oprimidos! Essas pessoas são acolhidas na primeira classe do Reino!

Em Jesus de Nazaré, Deus se faz avalista dos sonhos de dignidade, igualdade e liberdade que nos habitam. Mas ele é também um sim ao Pai, e isso se expressa no esvaziamento de toda superioridade prepotente, na eliminação de todo distanciamente prudente, no movimento de fazer-se próximo e ocupar um lugar ao lado dos últimos.  Este esvaziamento não é uma ascese vazia que despreza a vida, mas um movimento de aproximação daquilo que é humano, de amor ativo e solidário, de verdadeira humanização. E Paulo hoje Paulo nos convida a assumir esta postura, este sentimento de Jesus…10665089_705100762901531_7467660772000789956_n

Deus pai e mãe, através do teu filho e nosso irmão Jesus continuas dirigindo-nos tua palavra-convocação. Às vezes este palavra-convite nos desconcerta e inquieta. Teu filho parece exagerar quando afirma que as pessoas tratadas como pecadoras precedem as ‘pessoas de bem’ no teu Reino. Isso não nos parece justo. Que Ezequiel nos ensine que errados estamos nós, e não tu. Que os santos e santas, e a nuvem de testemunhas de ontem e de hoje, nos convençam de que a Justiça do Reino é um caminho possível, pois eles o percorreram. Que eles intercedam por nós e por toda a Igreja. Assim seja! Amém!

Pe. Itacir Brassiani msf

Centro de Estudos Bíblicos promove estudo sobre Evangelho de Mateus

O Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) do Planalto Central realizou, nos dias 19 e 20 de setembro, um estudo sobre o Evangelho de São Mateus. O encontro aconteceu na catedral Anglicana de Brasília (DF), e contou com a assessoria dos biblistas Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino que realizam uma leitura popular e libertadora da Bíblia. Participaram mais de 80 pessoas de diversas comunidades cristãs e movimentos populares. Como um espécie de resumo das aprendizagens e conversas construídas durante o estudo, Tiana Ramos e Étel Teixeira, da Rede Celebra do Distrito Federal escreveram o seguinte poema:http://www.pom.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3457:o-centro-de-estudos-biblicos-promove-estudo-sobre-evangelho-de-mateus&catid=16:nacionais&Itemid=75

Foto de Pontifícias Obras Missionárias.
Foto de Pontifícias Obras Missionárias.
Foto de Pontifícias Obras Missionárias.

Evangelizar requer toda uma Igreja em atitude de saída”, afirma papa Francisco aos diretores das POM

Saudar o nosso querido Papa Francisco é uma emoção, também pude dizer a ele que nosso povo brasileiro lhe querem bem e envia abraços. Pedi uma benção para todos. Assim sintam-se abençoados e abraçados por ele…

Camilo Pauleti

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“Evangelizar requer toda uma Igreja em atitude de saída”, afirma papa Francisco aos diretores das POM
O papa Francisco recebeu na manhã de hoje (9) os participantes da Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias (POM) que desde a segunda-feira, 5 de maio, encontram-se reunidos em Roma. Os trabalhos terminam neste sábado com uma missa na basílica de São Pedro. Junto com eles na audiência de hoje estavam os colaboradores da Congregação para a Evangelização dos Povos. http://www.pom.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2971%3Aqevangelizar-requer-toda-uma-igreja-em-atitude-de-saidaq-afirma-papa-francisco-aos-diretores-das-pom&catid=26%3Ainternacionais&Itemid=76

Quem são os missionários e missionárias das SMP?

 

MISSIONÁRIOS E MISSIONÁRIAS DAS SMP

Tudo o que estamos vendo nesta segunda parte do livro visa fortalecer a figura e a espiritualidade do missionário (a). Eles são uma das maiores boas notícias das SMP; tão bonita e tão surpreendente, que nunca teríamos imaginado. É preciso, porém, que cultivemos, missionários e missionárias, uma profunda espiritualidade missionária para continuar firmes e fiéis.

Quem são os missionários

São pessoas comuns. Carregam sonhos, anseios, experimentam vitórias, falhas, fragilidades, limitações, como qualquer mortal. Jesus, ao escolher seus primeiros discípulos-missionários, não foi atrás de pessoas perfeitas e superdotadas, a todos, porém, ele pedia conversão e mudança de vida. Os missionários/ as das SMP são lavradores e donas de casa, lavadeiras e operários, pescadores e operárias, comerciantes e funcionárias, estudantes e professoras de universidade, empregadas e desempregados, enfermeiros e médicas… São crianças e jovens, pais e mães, adultos e idosos, aposentados e enfermos. São pessoas que sonham e lutam por um mundo melhor, mais fraterno e mais humano.
A grande maioria participa da caminhada das comunidades, dos grupos de jovens, de pastorais.

Alguns traços da espiritualidade dos missionários

Indicamos alguns traços que viemos aprendendo ao longo da caminhada (sugestão: leitura pessoal meditada e/ ou em equipe. No final de cada ponto fazer um pequeno comentário, ligando às experiências de vida. No final debater: qual o ponto que mais me/ nos tocou? Que mais considero importante para a nossa caminhada? Como nos ajudar a viver esse aspecto?).
Antes de tudo, o missionário não esquece sua situação concreta de: homem, mulher, jovem, trabalhador, empregado, desempregado, solteiro, casado… É a partir de sua situação concreta que ele busca ser missionário. Sente-se missionário no seu dia-a-dia, e não somente quando vai ajudar em outras SMP.
Ele não se pertence, e sim pertence à mesma missão de Jesus; carrega sua mesma paixão: “Devo anunciar a Boa-Notícia do Reino de Deus também para outras cidades, porque é para isso que fui enviado” (Lc 4,43). Organiza e articula suas energias, seu tempo e seus dons, em favor da missão. Tem iniciativa própria. Ele anda onde tem gente, sobretudo lá onde a vida é ameaçada e humilhada. É alguém que escuta, vê, sente alegrias e dores, cultiva sonhos, experimenta derrotas, abre sempre caminhos de esperança. Ele crê no serviço missionário e o faz, com o maior prazer, com gratuidade e humildade.
Ele anda no meio das massas, mas sem massificar, sem reduzir as pessoas a número. Procura conhecê-las pelo nome, estabelece relações personalizadas, amigas, tira as pessoas do anonimato, do “fulano e sicrano”. Ele ama a vida e a defende, sobretudo a vida dos mais necessitados. Ele não anda sem rumo (1Cor 9,26). O missionário aprende, pouco a pouco, a lidar com as pessoas, valorizando tudo de bom que vai encontrando. Não é fechado, nem autoritário e interesseiro; é ecumênico, aberto.
Não vive, em primeiro lugar, em função do seu grupo religioso ou da sua Igreja, mas para servir o Reino Deus. Ele não fala de Jesus a toda hora, mas também não se cala na hora de professar, publicamente e com gosto, sua fé e seu anseio de seguí-lo. Não é um vendedor ambulante da palavra de Deus, obrigando os outros a aceitá-la, de qualquer jeito. Não faz de Jesus um ‘quebra-galho’ a toda hora. Não quer faturar em cima do santo nome de Jesus. Não lança praga e castigo contra os que são de outros grupos religiosos. Ele sabe que a melhor maneira de anunciar Jesus é testemunhá-lo, no cotidiano da vida, lutando, acreditando e vivendo os valores do Evangelho.
Fala de Jesus na hora certa, para as pessoas certas, sem agredir, sem impor, vai escutando, aprendendo, valorizando os sinais do Reino de Deus já presentes por aí. É um apaixonado pelo Deus da vida e pela causa da vida, como o profeta Jeremias (Jr 20,7-11). Seu grande anseio é ser testemunha de Jesus Cristo, pelo mundo afora: “E sereis minhas testemunhas até os extremos da terra” (At 1,8).
Rompe barreiras, quebra preconceitos, supera bloqueios; gosta de abrir caminhos novos, mas sem cair em superficialidade. Ele sabe tirar lições de vida do passado, vive intensamente o presente e olha sempre para frente. Não se deixa arrastar pelos acontecimentos, e sim marca presença significativa neles, na linha do Evangelho de Jesus. Pela missão é capaz de fazer renúncias corajosas e exigentes.
Procura ter uma compreensão crítica de toda a realidade. Mediante a leitura atenta de fatos, vai descobrindo que o mundo é governado por um sistema econômico, chamado neoliberalismo, que reduz tudo à lei do mercado e do lucro. As pessoas valem pelo que produzem ou consumem, e não pelo que elas são. Os fatos mostram que esse projeto favorece uma minoria e fabrica miséria, miseráveis, excluídos. Os pobres, sem mecanismo de defesa, viram massa sobrante. O capital sem coração e sem pátria, corre onde consegue ganhar mais e o mais rápido possível; não importa como. Não importa se a natureza fica ferida; se a violência vai avançando. O Brasil também é dominado por este sistema perverso e não está fácil se libertar. Estamos todos respirando esse ar ideológico excludente.
No meio de toda essa desgraça, o missionário continua sonhando uma vida plena para todos. Não quer sonhar sozinho, mas com todas as forças vivas e honestas da sociedade. São sonhos que brotam da fidelidade ao Evangelho, e levam a engajamentos concretos nas várias organizações a serviço da vida e da dignidade. Sim, ele sonha, mas sonha acordado, com os pés no chão, porque essa é a maneira de sonhar.
Carrega no meio do povo as bandeiras da ética, da cidadania, da honestidade, da sinceridade, da partilha, do abraço e do perdão. O missionário desperta esperança, aponta caminho, sabe reconhecer o valor dos pequenos sinais de vida. Olha para a realidade com o mesmo olhar de Jesus Cristo. Ele é um contemplativo e um militante do Reino de Deus.
Sabe discernir e agir com sabedoria. Quer ter um coração aquecido de profunda convicção; coloca pés e fé na caminhada. Ele percebe que sem santidade de vida, sem o anseio forte de uma vida santa e fiel, cai no perigo do cansaço e até da traição à missão. E sabe também que não pode haver santidade de vida sem ser discípulo humilde e fiel de Jesus Cristo. Sim, não é possível ser missionário sem ser seguidor de Jesus Cristo. Por isso, ele quer conhecer mais de perto a pessoa de Jesus Cristo, para amá-lo, seguí-lo e testemunhá-lo.
Ele sente o mesmo anseio do apóstolo-missionário Paulo: “Considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo. Por causa dele, perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar a Cristo e estar com ele” (Fl 3,8). Como conseqüência, ele faz questão de meditar e estudar o Evangelho de Jesus com a mesma atitude de Maria, irmã de Marta, a qual se sentou aos pés de Jesus (Lc 10,38-42). Sente que a missão é questão de amor e não uma espécie de carga insuportável. O amor, por natureza, é criativo, fecundo, sereno, apaixonado, fiel; assim também ele quer ser o (a) missionário (a).
Marca presença positiva e ativa na sua comunidade; é reconhecido e enviado por ela. O seu sonho é transformar a região onde mora numa rede bonita de pequenas comunidades eclesiais; e trabalha com sabedoria e firmeza para o sonho acontecer. Por isso, na medida do possível, ele vai deixando aos poucos outras tarefas, para priorizar a missão, as visitas às pessoas afastadas, às comunidades vizinhas e a outras áreas necessitadas. O missionário sente o maior prazer em animar as comunidades, em ajudar a criar outras; depois, vai seguindo adiante, para outros lugares, cantarolando de alegria interior, com humildade e meditando as palavras de Jesus: “Fiquem alegres, porque os nomes de vocês estão escritos no céu” (Lc 10,20).
Ele tem um grande carinho pelas CEBs, pela sua Igreja Católica, e respeita as outras. Reconhece o valor de tudo que há de bom, venha de onde vier, e, ao mesmo tempo, questiona e denuncia as falhas. Sabe que o seu serviço não é cargo vitalício nem profissão, mas dará tudo de si, com gratuidade e fidelidade; e crê nas palavras de Jesus: “Quando vocês tiverem cumprido tudo o que lhes mandaram fazer, digam: ‘somos empregados inúteis: fizemos o que devíamos fazer’” (Lc 17, 10).
Os missionários das SMP assumem e atualizam a bonita regra de vida dos primeiros missionários, inspirada nos ensinamentos de Jesus (Lc 10,1-11. Cf. também Mt 10, 1-15; Mc 6,6-13). Eles são:
Pessoas que querem viver a missão em comunhão, não isoladamente. Este é o sentido do dois a dois. Podem visitar até sozinhos, mas sempre em comunhão com a comunidade, a Igreja. Estão dispostos, na medida do possível, a ir onde forem enviados. O número de povos e nações conhecidas na época era 72. Portanto, o evangelho de Jesus é para o mundo inteiro (10,1). Os missionários sabem “inculturar” a beleza do Evangelho.
Pessoas que, antes de tudo, sabem colher os frutos do Reino espalhados no meio do povo. Valorizam todo o bem que acontece, venha de onde vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: “A colheita é grande”. São pessoas de oração, que pedem ao Pai um número maior de missionários capazes de valorizar, de colher dons e valores (10,2).
Pessoas que anunciam com coragem o Reino de Deus em uma sociedade dividida, conflitiva (10,3). Eles têm consciência disso, não são ingênuos. Mas eles não vão como lobos no meio de lobos, e sim como cordeiros. Quer dizer, eles não empregam os métodos violentos e corruptos que os donos do poder costumam usar. Acreditam na não-violência, na organização dos fracos, dos pequenos, dos sem voz e sem vez.
Pessoas que levam vida pobre e despojada; sem ambição, sem confiar no poder do dinheiro (10,4).
Pessoas que não perdem tempo inutilmente pelo caminho; mas organizam tudo em prol da missão (10,4).
Pessoas de paz. A palavra paz (shalom), no tempo de Jesus, significava a plenitude de todos os bens; era símbolo de uma sociedade fraterna e justa (10,6).
Pessoas que visitam, que aceitam a hospedagem com gratidão, sem fazer exigências. Pessoas que não andam de casa em casa atrás de vida cômoda, nem visam a interesses próprios (10,7).
Pessoas que optam pelos excluídos e lutam para reintegrá-los na sociedade (10,8-9). Os doentes, no tempo de Jesus, pertenciam à categoria dos excluídos. Curar os doentes significa exatamente devolver dignidade e cidadania aos excluídos.
Pessoas que não se deixam corromper por uma sociedade injusta e contraria ao projeto de Deus (10,10-11). Sacudir a poeira, que se tinha grudado na sola dos pés, significava, no tempo de Jesus, um gesto de ruptura e de denúncia.

Realmente, a vocação do missionário/ a é ser:

Profeta/profetisa, que desmascara e denuncia todo tipo de corrupção, e desonestidade, de injustiça, de mentira, de agressão à dignidade da vida. Pastor/pastora, que dá a vida pelos mais necessitados, sem voz e sem vez, carregando com carinho suas dores e preocupações. Conselheiro/a, que ajuda as pessoas a discernir, a dar sentido autêntico à vida, a viver os valores do Evangelho de Jesus no cotidiano da vida.
Mística e espiritualidade missionária carregam a marca da cruz, do conflito, da perseguição. Que o diga o apóstolo Paulo. Logo no início da sua missão (At 9,20), enfrentou conflitos e ameaças (At 9,23). Daí pra frente, praticamente ele não teve mais sossego, até ser morto, trinta anos depois, pela polícia do império romano.
Certa vez, para desmascarar a maldade de falsos apóstolos que tentavam seduzir e desviar as comunidades, com calúnias contra ele, foi obrigado a defender-se, lembrando os sofrimentos que passou por causa do serviço missionário às comunidades. Vale a pena ler e meditar 2 Cor 11,16-33.
Costumamos distinguir entre missionários locais e missionários de fora.
Missionários locais são os que atuam na própria comunidade ou nas comunidades vizinhas. Missionários de fora sãoos que trabalham na própria comunidade e, ao mesmo tempo, se colocam à disposição para ajudar em outras SMP.

Eles, tanto os locais como os de fora, são:
* o coração das SMP. Eles animam, amam o povo, criam laços; eles ajudam as pessoas a se abrirem ao sopro do Espírito Santo.
* acabeça das SMP. Refletem sobre a caminhada missionária, avaliam, planejam, articulam; eles não são ingênuos; sabem o que fazem.
* os olhos das SMP. Olham para frente, sem perder tempo em discussões inúteis. Eles ajudam a ficar no caminho certo, a ser fieis aos objetivos, com fidelidade e criatividade; sabem abrir caminhos novos.
* os pés das SMP. Eles são bem realistas, agem, caminham, atuam.

Para se ajudarem no processo formativo, eles criam equipes missionárias de base entre missionários vizinhos, e participam. Nas equipes eles avaliam os trabalhos, partilham alegrias e preocupações, debatem questões, aprofundam e vivenciam a mística e a espiritualidade missionária; criam laços de amizade e de ajuda recíproca; praticam o perdão e a misericórdia; estudam o Evangelho do ano litúrgico e outros subsídios, entre eles o livro das SMP, dando sugestões novas. Planejam serviços missionários. Quanto ao resto, participam ativamente da comunidade, nunca se afastam.
Os missionários sentem cada vez mais a urgência de uma preparação específica e não genérica, que leve em conta a realidade, as situações e os anseios das pessoas do lugar. Por exemplo: como ser missionário do Evangelho de Jesus Cristo no meio dos operários, nas escolas superiores, no meio de profissionais, nos meios de comunicação, no meio da juventude?

Mandamentos dos missionários

Anos atrás uma centena de missionários/ as da região de Conceição do Araguaia (sul do Pará, onde começou este jeito de fazer SMP), durante um retiro espiritual, elaboraram e assumiram orientações que eles chamaram de ‘mandamentos dos missionários/ as’; ao todo são dez:
SER HUMILDE, para servir e acolher a todos, sem distinção (cf. Mt 20,25-28; Lc 10,30-34).
TORNAR-SE DISPONÍVEL, para estar sempre a serviço do Reino de Deus (cf. Lc 9, 57-62).
DESPOJAR-SE, para servir a Deus e aos irmãos, confiando sempre na Providencia Divina (cf. Lc 9,1-6).
Ter FORÇA ESPIRITUAL, por meio da vida de oração (cf. Lc 6,12; Lc 9,28-29; Mt 14,32-34).
SER CORAJOSO E CONFIANTE em Deus, diante de todos os desafios para anunciar o Evangelho, denunciando as injustiças e vencendo todos os tipos de males que oprimem (cf. Lc 4,16-19; Mt 10,28-31).
Buscar sempre a INSPIRAÇÃO de Deus para levar o amor, o carinho, a paz, o perdão e a reconciliação (cf. Jo 14,12-13).
Ter CLAREZA e SABEDORIA de Deus no agir e no falar (cf. lembrar sempre as atitudes, ações e palavras de Jesus).
Ter SOLIDARIEDADE e COMPANHEIRISMO para se integrar bem na equipe missionária (cf. Rm 12,3-8; 1Cor 12,12-26).
Ter profunda COMUNHÃO com Deus, para que seu testemunho seja verdadeiro e coerente (cf. Jo 15,4-5; Mt 10,12).
Reconhecer a GRANDEZA DE DEUS e se alegrar com o valor e os dons que ele dá a cada um de nós (cf. Lc 10,17-21).

 

CEBs

http://www.santasmissoespopulares1989.org.br/index.php?page=cebs

CEBs no Brasil: MEMÓRIA, PRESENTE E FUTURO. Estimadas equipes executivas do Intereclesial 13º recém-celebrado e do próximo 14º PAZ e BEM. Escrevo-lhes como amigo e irmão de caminhada. Antes de tudo, quero agradecer imensamente a equipe executiva da diocese de Crato-Juazeiro pela dedicação competente e gratuita em favor do Intereclesial 13º recém-celebrado, janeiro 2014. Não foi coisa pequena preparar e celebrar um evento deste tamanho. Parabéns! É sempre um grande dom poder participar e vivenciar um Intereclesial. Reencontrar irmãs e irmãos da caminhada, espalhados por esse imenso Brasil; partilhar alegrias, vitórias, preocupações e desafios são experiências gratificantes e enriquecedoras. Fazem a beleza do evento. Era bonito ver delegados das CEBs conversar com outros de outras regiões, se animando, cantando, acreditando. O povo das CEBs estava feliz. Pessoalmente fiquei muito alegre quando membros da equipe executiva, durante o Intereclesial, me disseram: “Luís, as Santas Missões Populares, que vivenciamos nos anos 2006-2009, nos capacitaram muitíssimo, no espírito e na prática, para enfrentar o desafio do Intereclesial. Viva as SMP!”. Que bom. O 13º Intereclesial mostrou, mais uma vez, que as CEBs estão vivas, apesar das muitas incompreensões, e até desprezo, que elas vêm sofrendo nos últimos 20 anos. Dá para pensar até em um milagre. Realmente, elas fazem parte do coração dos que acreditam em um Brasil melhor, mais justo, sem corrupção, mais honesto. Estão também no coração dos que desejam e querem a Igreja mais fiel ao seguimento de Jesus de Nazaré, nosso único Mestre e Senhor. Costumo resumir a caminhada das CEBs numa bela expressão de dom José Maria Pires, arcebispo emérito de João Pessoa, pastor, profeta e grande benfeitor das CEBs: “Podemos ter cometido erros por excesso de confiança, mas, graças a Deus, acertamos o caminho”. Santa verdade! Então, temos muitos motivos para dar glória a Trindade Santa, a melhor comunidade; e para agradecer as multidões de mulheres e homens que tanto lutaram e vem lutando pela continuidade das CEBs. Mas, tudo cem por cento? Claro que não. Antes, perguntas urgentes surgem no coração das pessoas que amam a caminhada das CEBs. Durante o Intereclesial, ouvindo os “gritos” que vem dos pobres, das etnias marginalizadas, da natureza ferida, das divisões sociais, das corrupções vergonhosas, das tensões e incompreensões dentro da Igreja; partilhando a caminhada das CEBs no Caldeirão, nos ranchos, nos chapéus (lugares de encontros no Intereclesial) e nos intervalos, vários delegados/as expressavam medos e duvidas, como: “Será que as nossas CEBs estão prontas para assumir com convicção profunda os desafios levantados?”. De fato, as CEBs andam abandonadas em muitíssimas paróquias e dioceses. Pode até existir o nome (e nem sempre isso), mas elas, com frequência, estão aí, entregues às baratas, sem espaço, sem tempo, sem estímulos, sem ajuda e sem oportunidades para avaliar, discernir, aprofundar, traçar planos. Aparecem como uma pastoral, uma atividade a mais na paróquia, quando deveriam ser a referência para todas as pastorais. É consequência da fratura grande entre o seguimento de Jesus de Nazaré e a organização das dioceses, das paróquias, até das reuniões e dos vários ‘cursos de atualização’. Vários participantes do Intereclesial foram mais para preencher vagas disponíveis, porque, em suas paróquias/ dioceses, não havia acompanhamento nenhum. Agora que o Intereclesial passou, é bom se perguntar: como está sendo a repercussão do Intereclesial lá na base das CEBs? Quais os chamados e os apelos estão sendo levantados nas CEBs a partir do Intereclesial? Há sempre o perigo dos Intereclesiais serem um belo evento, mas sem impacto criativo na caminhada das CEBs; há também o perigo de as CEBs se tornarem “clubes de amigos e amigas”, sem ardor missionário. Vivemos na ‘globalização da superficialidade’, cortando asas, matando sonhos bonitos. Todos nós respiramos este ar contaminado, com o grande perigo de ficarmos intoxicados, doentes, perdidos, inclusive padres e bispos. Os mesmos subsídios preciosos a serviço das CEBs (Documento de Aparecida, diretrizes da CNBB, algumas outras publicações interessantes) estão parados nas livrarias, nas gavetas das coordenações pastorais; seus conteúdos não chegam ao povo. Haveria que refletir sobre os por que disso. Atualmente, o que chega de bom ao povo das CEBs, lá na base, através das mídias, são as posturas, os gestos e as palavras animadoras de papa Francisco. Ainda bem. Que alegria! Cremos (pois são muitos que sentem isso) seja urgente uma palmada de animo, de dignidade. O tempo é propício. Após tantos fracassos pastorais, as CEBs estão recuperando simpatia e estima. Fala-se cada vez mais de “paróquia rede de comunidades”; isso é possível graças à experiência da caminhada das CEBs de muitos anos. As CEBs aparecem sempre mais como a maneira mais autentica de ser Igreja hoje. Bem entendidas e bem acompanhadas, elas podem ser a solução de muitos problemas da Igreja e também da sociedade, se olharmos sem preconceitos e captarmos os grandes anseios presentes na humanidade inteira e nas pessoas. Mas é preciso que as CEBs entrem em um belo e forte processo de conversão, sem ficar se queixando. Precisam avançar mais na espiritualidade do seguimento de Jesus de Nazaré; precisam crescer juntas, com docilidade interior, na verdadeira comunhão eclesial, que não se dá ao redor de leis e de normas, mas no discipulado de Jesus, vivido hoje com criatividade e fidelidade. É preciso que as CEBs saiam de uma visão de ‘clube’, que rompam todo tipo de ‘panelinhas’, como tanto insiste papa Francisco: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Alegria do Evangelho, 49). É tempo de gritar com a vida: “CEBs em missão!”. Como ainda lembra papa Francisco: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isto estou neste mundo. É preciso nos considerar como que marcados a fogo por essa missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (Alegria do Evangelho, 273). Diante disso, permito-me dar algumas sugestões à nova equipe de Londrina, encarregada de preparar o 14º Intereclesial: 1) Manter a ligação entre a caminhada cotidiana das CEBs e o Intereclesial. Sem essa ligação, o Intereclesial cai no perigo de se tornar um grande evento, sem repercussão na vida das comunidades. 2) Abrir um site das CEBs sob a direção da equipe executiva de Londrina 3) O site seja lugar de partilhas, de experiências, de comunicações, de noticias. O site ofereça textos de aprofundamento sobre o ser CEBs hoje. Que se possa chegar a alguns pontos inegociáveis para ser CEBs. Para construir, juntos, o perfil das CEBs. 4) Fazer o possível para que o assunto CEBs entre na agenda das dioceses, das paróquias. Promover uma boa reflexão antropológica, sociológica, bíblica, teológica, pastoral sobre a centralidade das CEBs na pastoral hoje. Elas não são um luxo, mas o coração de toda a pastoral. 5) Superar, com urgência, a perigosa dicotomia existente entre a pessoa e a missão de Jesus de Nazaré e o ser Igreja. O mistério trinitário não deve ser visto como objeto de devoção ou assunto de espiritualidade religiosa; deve ser o sentido, a referência, o paradigma inegociável do ser cristão hoje: “Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus” (Fl 2,5). 6) Em sintonia com a executiva nacional, criar, apoiar equipes regionais de CEBs, para servir às CEBs do Regional. 7) Promover seminários sobre CEBs nos institutos de teologia, nas casas de formação, nas dioceses. Realizar romarias estaduais das CEBs, com aquela animação e capacidade de atração, típica das CEBs 8) Cultivar a comunhão eclesial. É processo dinâmico, que exige conversão permanente, humilde e esperançosa. 9) Incentivar a proposta de “CEBs EM MISSÃO”. Revisitar todas as pessoas que já participaram das CEBs. Através de teatros, depoimentos, fazer a memória das CEBs, para iluminar o presente e planejar a caminhada das CEBs. Melhorar a espiritualidade e a organização das CEBs. 10) Um ano e meio antes do Intereclesial, promover um tempo especial de missão para todas as CEBs do Brasil, cada uma em seu território, promovendo intercâmbios enriquecedores. Os delegados ao próximo Intereclesial deverão ser escolhidos, de maneira bem participativa, entre os que participaram intensamente do projeto “CEBs em missão”. 11) Outras preciosas sugestões surgirão… À equipe executiva do próximo Intereclesial, que acontecerá na arquidiocese de Londrina (PR), cabe a bela tarefa de fazer crescer ainda mais, em qualidade e quantidade, a beleza da caminhada das CEBs nas encruzilhadas históricas do nosso país e da América Latina. Bom trabalho. Pe. Luis Mosconi

Oração à São José de Anchieta

Oração à São José de Anchieta
São José de Anchieta,
Apóstolo do Brasil,
Poeta da Virgem Maria,
Intercede por nós, hoje e sempre.
Dá-nos a disponibilidade de servir a Jesus
Como tu o serviste nos mais pobres e necessitados.
Protege-nos de todos os males
Do corpo e da alma.
E, se for vontade de Deus,
Alcança-nos a graça que agora te pedimos
(pede-se a graça)
São José de Anchieta, Rogai por nós!
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

so jos de anchieta